sábado, 30 de janeiro de 2010

REFLEXÃO

O PODER RESIDE EM ACREDITARMOS QUE SOMOS CAPAZES

Certa lenda conta, que estavam duas crianças a patinar num lago congelado. Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou. A outra, ao ver o seu amiguinho preso e congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim, quebrá-lo e libertar o amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino: como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis! Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou: eu sei como ele conseguiu. Todos perguntaram: pode nos dizer como? É simples: - respondeu o velho. Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que não seria capaz.

(Albert Einstein)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

HISTÓRIAS ENCONTRADAS NO FUNDO DO BAÚ

A sala está abafada. Olho a varanda e vejo-o a olhar dentro de mim. Fica ali especado, atento a cada linha do meu rosto e corpo.

Vejo que continuas, que persistes. Tal como outrora não desvias o olhar.

É harmonioso, bonito o seu andar, lânguido, exibe vaidade.

Estende-me a cara, dá-me um beijo e o silêncio na saída.

É irresponsabilidade ou demência? Não sei que fazer para deixar de te temer e de tremer, e no entanto nem por um momento trocava de lugar contigo.

Não abandono este meu propósito de voltar a sorrir contigo, de voltar a dar-te a mão enquanto me estendes a tua: “dá….”.

Vou sem medo, não por cio, mas por fé.

Fazes-me falta aqui, ó tu por quem escrevo.

Vejo-te ao longe e corro para não te perder de vista, somente para sorrir e te ver brilhar antes que o tempo se extinga. E depois ouvir a voz antes autêntica e agora apenas sonhada.

Bastou-me imaginar-te para um dia a carvão te ter desenhado. Olhaste-o, e com palavras elegantemente esguias fizeste deslizar um dissimulado sorriso no rosto.

Mas serei eu escritora?!...

E se eu parasse de escrever? E se eu ficasse sem computador? Desaparecerias daqui? Assim talvez apenas permanecesses na minha memória, mas sem glória.

Mas não, não é possível. Estava a esquecer-me da existência da ALMA. Só ela tem consciência de que é ela a real consciência.

Que fazer então com estas imagens que me desencaminham?

O que escrevo sobre ti, em espasmos de revolta, tem a violência do desejo e a quietude da Alma. E fico aqui parada sem cessar de te admirar… de todas as árvores caem folhas porque afinal, esta noite, nunca aqui estiveste.

O desejo não cessa nem adormece, nesta casa tão perto da tua, separadas apenas pelo vento, o silêncio ocupa todas as paredes, um silêncio semi-senil que não pára de murmurar segundo a segundo.

Estarão as nossas vidas cruzando-se noutro plano?

Seja lá o que for, eu tenho que te ver, talvez não por amor, mas para te ver, para te ter.

domingo, 24 de janeiro de 2010

METADE

Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo em que acredito

Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito

Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe

Seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que eu amo seja para sempre amada

Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida

Mas a outra metade é saudade

Que as palavras que falo

Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor

Apenas respeitadas

Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço

Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que eu mereço

E que essa tensão que me corrói por dentro

Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que penso

Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste

E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável

Que o espelho reflicta em meu rosto um doce sorriso

Que eu me lembro ter dado na infância

Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito

E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo

Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta

Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar

Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer
Porque metade de mim é a plateia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada

Porque metade de mim é amor

E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro